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Da Transiberiana ao Paraíso: Como Achar El Nido (e a Mim Mesma) No Mapa!Sonhos, Promos e Banhos de Água Fria

  • Foto do escritor: aninha figlioulo
    aninha figlioulo
  • 12 de mai.
  • 3 min de leitura

Tudo começou com aquele velho desejo de viagem de quem bate ponto em grupo de milhas e sonha alto: fazer a Transiberiana — ou melhor, a transmongoliana, para ser mais exótica ainda. Converso com meio mundo sobre viagem, do porteiro ao CEO, catando dicas, spoilers, ameaças e até simpatias para dar certo.


Um belo dia, como que por milagre, achei uma promoção imperdível para a China. Eureka! Por que não fazer o caminho oposto? China–Rússia. Bilhete comprado! Sorrisinho de canto de boca de quem vai ser lembrada como pioneira do roteiro invertido.


Foi aí que encontrei o dono da agência onde eu trabalhava e, ploft, banho de água fria modelo iceberg: “Transiberiana em menos de 40 dias? Esquece, não vale a pena.” Pronto. Passagem comprada, 26 dias de férias, um sonho furado... E eu ali, dona do próprio fiasco com passagem na mão.


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Pequenas Aldeias, Grandes Desencantos

Pensei: “Ok, se não tem Transiberiana, tem China!” Lá fui eu me imaginar numa epopeia pelos vilarejos, trens lentos e paisagens bucólicas da zona rural que só vejo em calendário. Comprei guia, mapeei aldeias, já sonhava com fotos de arrozais...


A resposta de todo mundo que conhecia e já tinha pisado na China (sobretudo para trabalhar):

“Você é louca? Interior da China? Não faça isso. Fique nas cidades grandes!”


E de repente a ideia de semanas entre Pequim e Xangai me pareceu tão inovadora quanto passar férias em Osasco (sem ressentimentos ok Osasco? Mas vou toda semana aí a trabalho).


Caça ao Destino e Elizabeth Gilbert Mode On

Fui bater perna virtual: quais destinos próximos à China ainda são café com leite no Instagram?


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Tailândia? Não, nem pensar — quero selva, não balada de balde.

Vietnã? Só se for o roteiro combinadinho com Laos e Tailândia, né?

Filipinas. FILIPINAS. Oi? Pouca ideia, exceto por duas filipinas que conheci na Copa no Rio e com quem, aliás, já troquei memes e promessas de visita nos DMs.

Comecei a pesquisar: praias de areia branca; baleias jubarte dançando nas águas; nomes exóticos pingando do Google.

Então... El Nido: conglomerado de ilhas tão deslumbrantes que inspiraram o livro do filme “A Praia” do DiCaprio — só que o filme foi rodado na Tailândia porque chegar em El Nido não é pra qualquer um (ufa, exclusividade garantida! Nada de luxo, muito menos fila de cair no feed dos outros. O negócio é exclusividade mesmo).


O Roteiro Nada Básico

Pronto, decidido!


Chegada em novembro em Xangai, uma semana de “perdidinha chique” por lá.

Depois, Manila, Palawan (Porto Princesa - El Nido) — dez dias no paraíso real-oficial.

Para fechar, uma semana em Pequim,

Retorno a Xangai para pegar o voo pra casa, com direito a Atlanta só para variar o fuso e aumentar o jetlag.

A sensação de organizar TUDO sozinha, sem grupo, sem chefes, SEM AMIGOS CHATOS. Minha viagem, minhas regras (embora, sejamos honestos, na vida real só funciona com duas pessoas que concordam em quase tudo com você).


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O Choque Frio da Praticidade

E foi nesse ponto que a romantização virou picolé de chuchu: montar roteiro da China na internet? É o próprio filme de terror.


Bairro?

Hotel?

Passeio?

Dicas?

Nada, nadica de nada. Só sugestões vagas do tipo “vá à Muralha” e um mar de fotos impecáveis no Pinterest sem localização.

Me rendi: agência de viagem. Só o básico — hotel e tour privativo nas cidades. O resto, “deixa que eu me viro” (ou achei que me virava).


Entre -18°C, 34°C e o Desafio da Culinária

Pesquisei clima. Descobri que ia do Alasca ao Saara em uma só mala: de -18ºC em Pequim para 34ºC em El Nido.

Na China, não espere inglês fluente. O inglês dos filipinos, por sua vez, é quase um abraço.

Costumes específicos: não enfie o hashi na comida (os fantasmas agradecem), evite contato físico... a não ser que esteja disputando espaço no metrô, aí vale tudo.

Jamais fale mal do governo (nem pense!) e prepare-se: Google, Instagram e WhatsApp bloqueados. Vai de Bing mesmo! Ah, leve papel higiênico, sempre.


A dica mais valiosa, no entanto, não está no Lonely Planet, mas nos grupos de WhatsApp dos sobreviventes de viagem: leve barrinha, biscoitinho, o que puder. A comida chinesa é oito ou oitenta — e meu estômago, adepto do baixo teor de gordura, perdeu feio na roleta do óleo de gergelim.


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Essa saga já está digna de série. Prometo dissecar cada destino nos próximos posts porque cada um mereceu um capítulo próprio. Vai por mim: vale cada perrengue.

A Transiberiana ficou pra depois, mas essa viagem já entrou pro hall das melhores da minha vida.


Quer saber como é e como usar um banheiro Turco? Foi surpreendente… aguarde o próximo post que eu te conto tudinho!


Spoiler: Se for organizar sua próxima aventura, me chame. Eu já errei quase tudo para você acertar quase tudo.

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